A vida através dos olhos de Jesus

O ator Bruce Marciano queria ver o mundo através dos personagens que interpretava nos filmes e peças que atuasse. Quando ele se preparava para representar Jesus numa apresentação do Evangelho de Mateus, preocupou-se com o desafio proposto e passou um considerável período em oração, pedindo a Deus que lhe ajudasse nisso: “Senhor, mostre-me como tudo pareceu aos olhos de Jesus”.

Já no local de filmagem, quando Bruce começou a representar a dolorosa denúncia de Jesus contra as cidades impenitentes de Corazim e Betsaida, ele olhou para as pessoas à sua volta e começou a chorar de maneira incontrolável. Jesus passou por momentos assim, ao ver as pessoas “como ovelhas que não têm pastor”, especialmente em Jerusalém, ao contemplar a cidade indiferente: “Quando ia chegando, vendo a cidade, chorou”. (Lc 19.41)

Ele entendeu isso como resposta à sua oração. Bruce Marchiano comentou: “Vi as pessoas vivendo suas vidas de uma forma que Deus não planejou”. Ele comparou sua reação à que os pais devem sentir ao verem seu bebê engatinhando no meio da rua, com um caminhão vindo em sua direção. Bruce concluiu: “Compaixão não é apenas sentir pena das pessoas; é uma angústia tão intensa que nos impele à ação”.

Ao andar no meio das pessoas, Jesus conhecia as suas necessidades e procurava supri-las. Ele tinha grande compaixão por todos. Embora Jesus as visse como “ovelhas sem pastor”, ou seja, espiritualmente ignorantes, sem esperança, eternamente perdidas, Ele não as abandonava à sua própria sorte. Antes, Ele se identificava com elas, sentia intensa compaixão e fazia sempre alguma coisa para ajudá-las. “E percorria Jesus todas as cidades e povoados, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades” (Mt 9.35).

Eu fico a pensar: será que vemos os outros através dos olhos de Jesus? O que nos move: apenas um lampejo de piedade ou uma profunda compaixão? O que aconteceria se todos os crentes começassem a ver o mundo e as outras pessoas “como ovelhas sem pastor” através dos olhos de Jesus e agissem conforme Ele agiria?

Foi isso que fez um grupo de jovens universitários, ao estudarem a clássica obra de Charles Sheldon “EM SEUS PASSOS, QUE FARIA JESUS?”. Eles criaram uma pulseira com a sigla QFJ (iniciais de “Que Faria Jesus”), o que levou milhões de outros jovens a ponderarem sobre essa situação.

Ao tentarem entender as ações de Jesus e os princípios espirituais que nortearam Sua vida, eles puderam finalmente ver o mundo como Jesus o veria e passaram a agir de acordo com o que Ele agiria. Isso com certeza tornou cada movimento de suas vidas algo importante, o que acabou por influenciar muitas outras vidas ao seu redor.

Não são poucos os cristãos que sentem não causar impacto algum no mundo. Ora, num mundo com mais de sete bilhões de pessoas – cuja maioria jamais ouviu falar sobre Jesus – e problemas esmagadores de toda ordem, como tentar imitar o exemplo de Jesus, se suas orações e testemunho e dedicação não parecem causar impacto algum?

O diagnóstico possível é que deixaram de ver o mundo através dos olhos de Jesus e passaram a vê-lo através de outros olhos: da ciência, da teologia, da filosofia, da religião etc. Essas coisas eram para ser meros instrumentos, mas passaram a ser vetores do seu movimento. Em suma, desconsideraram que é na Palavra de Deus que encontramos os seguros indicativos de como Jesus enxergava o mundo e se relacionava com as pessoas nas mais variadas situações.

Frederick Buechner, comparando o mundo a uma gigantesca teia de aranha, escreveu: “Se você tocá-la em algum ponto, fará tudo tremer. Conforme nos movemos nesse mundo e agimos com bondade, ou indiferença, ou talvez com hostilidade em relação às pessoas que encontramos, também estamos fazendo a grande teia de aranha balançar. A vida que eu toco, com bondade ou maldade, irá tocar uma outra vida, que tocará outra até que, quem sabe onde o balançar da teia irá terminar ou em qual lugar e tempo longínquos meu toque será sentido. Nossas vidas estão ligadas. Nenhum homem é uma ilha”.

Tudo o que fazemos conta. Por isso, em cada situação, em cada luta, diante de cada desafio, frente a toda e qualquer adversidade, pergunte a si mesmo como Jesus olharia cada coisa ou pessoa, e avance para entender o que Ele finalmente faria. Isso é apenas o primeiro passo. Seguir a Jesus em obediência por fé é o resto do caminho para quem quer ser influente e vitorioso. 

Ver a vida através dos olhos de Jesus e agir como ele agiria é uma decisão inadiável que cada cristão precisa tomar.

2023, Samuel Câmara

CADB

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Convenção da assembleia de Deus no Brasil

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