As famílias não estão isentas de conflitos interpessoais, de cisões, de intrigas, de brigas e separações dolorosas. Prova contundente disso foi o que aconteceu nas últimas eleições, quando famílias inteiras ficaram divididas, literalmente, no viés do “nós contra eles” tão batido pela estratégia divisionista do petismo e seus ferrenhos opositores. Em qualquer comunidade social cada ser é diferente e tem seus próprios problemas que visivelmente voluntária ou despercebidamente interessada afetam as relações com os demais. As diferenças de personalidade e caráter, assim como de opinião e crença, são desafios a serem superados para que possam ser mantidas a paz e a unidade familiar, sem as quais a família desmorona. Às vezes, esquecemos facilmente os nomes de pessoas, datas e compromissos, mas mantemos bem viva a lembrança de ofensas e conflitos. Dizemos que perdoamos, mas quando enfrentamos o ofensor, a dor se reflete em nossas reações e até no tom de nossa voz. Não é fácil perdoar e, com o perdão, esquecer o fato ou “passar a página”.
Quando Jesus recomendou o perdão como remédio eficaz para restaurar laços quebrados, o fez convicto de que nenhuma atitude é mais apropriada para desfazer ressentimentos, acabar com mal-entendidos, destruir inimizades e finalizar discórdias que o instrumento do perdão. Há, todavia, muitos que recomendam a vingança e o ódio como viável alternativa e, assim procedendo, ajudam as pessoas a manterem o rancor incrustado no coração com resultados catastróficos na convivência diária e na vida toda.
Na pessoa de Jesus, encontramos o modelo e os ensinamentos verdadeiros e úteis para fortalecer as relações familiares. Pedro, o apóstolo, perguntou-lhe certa ocasião: “Senhor, quantas vezes devo perdoar a meu irmão, que me faz algum mal?” Jesus respondeu prontamente: “Não só sete, mas setenta vezes sete” (Mt 18.21-24). Com isso, o Senhor Jesus indicou simplesmente que não há limites para perdoar.
Na oração do Pai Nosso, Jesus ensinou claramente sobre o perdão: “Pai nosso, que estais no céu… Perdoa as nossas ofensas, assim como nós perdoamos nossos ofensores”. E acrescentou: “Porque, se perdoarmos aos outros que nos ofendem, também Deus nos perdoará a nossas ofensas. Se, porém, não perdoarmos aos outros, tampouco Deus nos perdoará” (Mt 6.9-15).
Quando, pois, exercemos o perdão, melhoramos nossa qualidade de vida pessoal, espiritual e familiar. Nosso corpo não foi criado para guardar rancor e ódio. O mau-humor, assim como a ausência de alegria, a falta de amor e paz, tudo isso pode trazer graves consequências sobre o corpo físico, principalmente sobre o sistema nervoso e digestivo, minando também a força e a motivação para admirar e amar a vida. Ninguém conhece pessoa amargurada que seja feliz na vida.
A consciência e prática destes procedimentos ajudarão, em muito, na melhoria da qualidade de vida pessoal e familiar. Seu exercício cotidiano neste sentido o fará cheio de ideais e esperanças para sua família. Ainda que pareça tarde, tente! Mesmo que já não exista motivação para sua família se manter unida, insista mais um pouco. Construa ou restaure sua família com laços de amor e de perdão neste Natal.
O Natal representa a vinda de Jesus a este mundo para nos salvar, ajudando-nos a entender melhor as pessoas, a amá-las e perdoá-las, assim como desejamos que os outros procedam conosco.
Neste cenário de luzes que cintilam por todos os lugares, desde os mais finos palácios e mansões até aos barracos mais humildes, lembremo-nos de que Natal é mais que troca de presentes, mais que fartas refeições e desmedidas diversões.
Natal é paz. Natal é tempo de perdão, de reconciliação. É família “re-unida”, “re-conciliada”, “re-feita”. Natal é a lembrança de Jesus nascendo e reconciliando o mundo com o Deus, ao mesmo tempo em que é convidado para “re-fazer” nossa vida e história.
Faça este Natal valer a pena. Viva um Natal de perdão!
Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém