Holman Hunt, em sua tela “A Luz do Mundo” destaca um casebre negligenciado e em ruínas. Em frente da janela levantam-se arbustos espinhosos e o capim alto cobre o atalho. A porta está coberta de musgo. Diante da porta bem fechada, de gonzos enferrujados, acha-se, na obscuridade e no sereno, um homem de estatura grande e possante, cujo rosto revela cansaço e fadiga. Uma das suas mãos está levantada para bater, enquanto a outra segura uma lâmpada cujo raio talvez possa penetrar por uma fenda da porta.
Holman Hunt retratara a imagem insólita do Cristo, Filho de Deus, procurando entrar em nosso coração pecador!
Quando Holman pintou este quadro intrigante do Rei coroado de espinhos, batendo do lado de fora, chamou um de seus melhores amigos e lhe mostrou a tela na sua oficina, antes de apresentá-la ao público. O amigo examinou a figura real de Cristo, a porta rude e a natureza escabrosa que a cercava, e disse de repente:
– Mas, você cometeu uma grande falta!”
– Qual? – perguntou o artista.
– Você pintou uma porta sem maçaneta.
– Não é um erro – disse o artista – esta porta não tem maçaneta por fora, ela está por dentro.
Numa reunião missionária, onde este quadro foi projetado num pano, diante dele estavam sentados um trabalhador e o seu filhinho. Este tocou no pai e lhe perguntou:
– Papai, por que não o deixam entrar?
O pai, não sabendo o que dizer, respondeu:
– Suponho que não desejem Sua entrada.
Depois de um instante de reflexão, o menino disse:
– Não, papai, não é isso, todos necessitam dele. Mas eu sei por que não o deixam entrar: eles vivem nos fundos da casa.
O quadro mostra, enfim, que aquele que se recusa a receber Jesus Cristo como Salvador permanece na insignificância de viver “nos fundos de uma casa em ruínas”.
Zaqueu era um odiado publicano, tido como traidor do povo; riquíssimo, mas pária social. Jesus o surpreendeu dizendo que queria visitar sua casa. Ao abrir sua casa, ouviu a palavra do Senhor e teve a vida transformada. E resolveu devolver quadruplicado o que roubara e doar metade de seus bens aos pobres, vindo a seguir ao Cristo que o transformara.
Tomé, um homem cético e incrédulo, não estava presente quando Jesus, após a ressurreição, apareceu pela primeira vez aos discípulos. Ele declarara ousadamente que não acreditaria se não visse Jesus e o tocasse. Mas quando Cristo reapareceu, oito dias mais tarde, Tomé abriu a porta do seu coração e declarou sua fé: “Senhor meu e Deus meu!” Tomé foi o primeiro missionário na Índia, onde foi assassinado, mas deixou inúmeros discípulos.
Em Gadara, na Galileia, havia um homem endemoninhado que vivia entre as sepulturas no cemitério. Era tão violento que regularmente quebrava as correntes com as quais tentavam amarrá-lo. Mas quando foi liberto por Jesus, abriu sua mente e coração para o Senhor, tendo sua vida transformada. Tornou-se evangelista em uma confederação de dez cidades.
O grande perseguidor do cristianismo nascente, Saulo de Tarso, pensando estar prestando um favor a Deus, perseguia os primeiros cristãos. Quando teve um encontro com Jesus, abriu seu coração ao Senhor, foi transformado e passou de notável “perseguidor de cristãos” para o maior e mais expressivo de todos os apóstolos.
Ao entrar nas vidas, Jesus as transforma! Nenhuma religião pode fazer o que Jesus faz! Do impulsivo Pedro ao incrédulo Tomé; da prostituta Madalena ao corrupto Zaqueu; dos intempestivos Tiago e João ao proscrito endemoninhado gadareno; do letrado Saulo aos anônimos leprosos; sim, todos os que lhe abriram o coração, foram salvos e transformados para viverem uma nova e frutífera vida.
Jesus diz: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo”. Deixar de abrir a porta, não aponta apenas para a insignificância de viver “nos fundos de uma casa em ruínas”; quer dizer, principalmente, impedir a entrada no coração de quem realmente pode transformar sua vida e torná-la uma verdadeira bênção.
Pastor da Assembleia de Deus em Belém