Existem “más línguas” e “boas línguas”. As más línguas tramam o mal, as boas línguas promovem o bem. Assim também, existem as fofocas más; e, talvez, sobre espaço para as fofocas boas. Antes que alguém discorde acidamente ou concorde simploriamente, vejamos a definição de fofoca.
De origem desconhecida, a palavra fofoca é um substantivo feminino que significa “bisbilhotice, mexerico”, e consiste no ato de descobrir uma informação ou segredo sobre alguém e, posteriormente, contar essa informação a uma ou várias pessoas.
Em não poucas ocasiões, o segredo partilhado pode nem mesmo ser verdade, mas acaba sendo divulgado de igual forma, sem o consentimento da outra pessoa. Essa é a fofoca má, também chamada de maledicência, cujo intuito pode ser machucar, magoar, constranger ou simplesmente prejudicar a outra pessoa; ou apenas o fofoqueiro procura se sentir e mostrar-se superior e importante; ou ambas as coisas. Deus chama isso de atentado contra o próximo (Lv 19.16).
Uma boa maneira de desencorajar os “fofoqueiros” consiste na aplicação do Teste dos Três Crivos. Sempre que alguém se aproximar com uma “novidade” sobre outra pessoa, antes que a deixe terminar de contá-la, ou preferencialmente antes mesmo de contá-la, use o primeiro crivo ou peneira, e pergunte: “Você tem certeza de que isso é verdade?” E, suponhamos que o seja – porque se não for, a coisa toda pode parar nesse ponto – passe então para o segundo crivo: Saber disso vai me fazer bem, vai me edificar? Como uma fofoca má nunca edifica ninguém que a ouve, dificilmente o fofoqueiro quererá avançar.
Mas suponhamos que você esteja tratando com uma pessoa mau-caráter e perniciosa ao extremo, que acabe lhe convencendo da “importância” da notícia; ou que você acabe sendo vencido pela curiosidade. Passe, então, para o terceiro e último crivo e faça uma peneirada certeira: “Se eu contar para outra pessoa, isso vai edificá-la? E se eu contar para a própria pessoa dessa história, ela vai ficar confortada e edificada em saber? Pronto! Se a coisa toda for uma maledicência, verdadeira ou falsa, não importa, a pessoa fofoqueira vai ficar sem chão.
A experiência nos ensina que esse é o método mais rápido de
acabar com as fofocas. Invariavelmente, sob um desses crivos, o mexeriqueiro se atrapalhará e gaguejará alguma desculpa para não seguir avante. Claro, se você for bom-caráter e não concordar de modo algum com esses ministros da maldade. Mas, se de todo a pessoa fofoqueira insistir, ainda lhe resta mostrar que verdadeiramente tem vergonha na cara e dar um “basta!”, e sair de perto para também não ser contaminado com sua maledicência gratuita.
A maledicência deve ser evitada por todos. Dar ouvidos, encorajar os outros também está errado, até mesmo quando a “fofoca” é verdadeira. Há quem pense que não há nada de mal em passar adiante uma informação, por mais baixa e destrutiva que seja, contanto que se apegue à verdade dos fatos. Mas isso não é correto. O preço de uma fofoca má geralmente é muito alto, e seu potencial destrutivo, enorme.
Agora, vamos dizer que haja fofoca boa. Que base teríamos para essa afirmação?
A Bíblia estabelece um certo número de regras básicas ao tratar sobre essas coisas da vida. A Escritura afirma que os nossos pensamentos, inclusive sobre as pessoas, além de verdadeiros, precisam ser “respeitáveis, justos, puros, agradáveis e honestos”. E acrescenta: “Encham as suas mentes com tudo que é bom e merece elogios” (Fp 4.8).
Essa orientação vale para as nossas conversações, que são a expressão dos nossos pensamentos. Se não pudermos ser respeitáveis e justos, puros e agradáveis, além de tratarmos tudo com absoluta honestidade ao falarmos sobre alguém, então é melhor não dizermos nada.
Todavia, se as nossas palavras transmitirem sobre o próximo algo que é respeitável e justo, puro e honesto, agradável e edificante, então, e somente neste caso, seria uma “fofoca boa”. Simples assim!