Há tempos, percebemos que a Páscoa está chegando não por causa do aumento da frequência dos cultos nas igrejas cristãs, nem porque as pessoas se tornam mais religiosas ou contritas; percebemos o fenômeno principalmente pela profusão de ovos de chocolate nas lojas e supermercados, assim como propagandas de diversos produtos e serviços com o aval de coelhinhos fofos. Quase nada que nos remeta ao significado único e especial da Páscoa, como ela sempre foi e precisa ser, para que seja minimamente considerada na sua essência e importância espiritual.
Se quisermos entender um pouco sobre a Páscoa, convém primeiro considerarmos a simbologia envolvida na comemoração. Os símbolos atuais, além dos poderosos atrativos comerciais que possuem, de certa forma não fazem outra coisa senão ocultar o verdadeiro sentido dessa importante festa de origem judaico-cristã. Isto porque, originalmente, a Páscoa nada diz sobre coelhinhos saltitantes; antes, fala de cordeiros mortos e sangue. Nada fala sobre ovos de chocolate, ou guloseimas; antes, fala de pão sem fermento e ervas amargosas.
Originalmente, a Páscoa foi instituída como festividade símbolo da libertação do povo de Israel do Egito, onde estava escravizado, no evento conhecido como Êxodo. O Senhor Deus disse que cada família deveria tomar um cordeiro, sacrificá-lo e comê-lo assado, acompanhado de ervas amargosas. Depois, cada família deveria passar do sangue do cordeiro nos umbrais e nas vergas das portas de suas casas. O Anjo da Morte percorreria a terra e passaria por cima das casas que tivessem o sinal do sangue e pouparia os seus primogênitos. (Êxodo 12)
Dessa sequência de eventos origina-se o termo Páscoa (do hebraico pesah) que significa “passar por cima”, ou “poupar”. Depois que o povo de Israel saiu do Egito, Deus ordenou a celebração contínua da Páscoa como memorial dessa libertação. Mas a mensagem da Páscoa, embora se reporte a um acontecimento distante na História, traz importantes lições, contidas nos seus próprios símbolos.
Desse modo, a Páscoa continha uma mensagem profética, como “sombras das coisas futuras”, que apontava para a redenção efetuada por Cristo. O apóstolo Paulo afirmou: “Cristo, nossa Páscoa, foi sacrificado por nós” (1Co 5.7). O cordeiro morto era como um símbolo antecipado do sacrifício de Cristo na cruz pelos nossos pecados. As ervas amargosas simbolizavam a nossa atitude de arrependimento. O pão sem fermento se referia a uma vida sincera e verdadeira.
Em suma, a Páscoa nos remete a três coisas: liberdade da escravidão, salvação da morte e caminhada para a terra prometida. Para os hebreus, isso tinha um sentido físico, pois havia a escravidão a ser subvertida, a morte iminente a ser suplantada e a terra da promessa que devia ser conquistada. Para nós, há o sentido de natureza estritamente espiritual, pois precisamos ser libertados da escravidão do pecado, ser salvos da morte, e caminhar na certeza de que o céu, onde Cristo habita, é o nosso destino final.
A Páscoa é muito importante para todos nós. Portanto, antes da Páscoa, precisamos fazer uma reflexão e verificar a posição em que estamos diante de Deus, se em comunhão com Ele ou distantes de Sua presença.
A Páscoa evoca uma poderosa lembrança de que Cristo está vivo. Ainda ressoam nos umbrais da História a palavra dos anjos às mulheres: “Buscais a Jesus, o Nazareno, que foi crucificado; Ele ressuscitou, não está mais aqui!” (Mc 16.6). O túmulo vazio é o mais poderoso lembrete do quanto a Páscoa é importante, ontem e hoje, e sempre!
Portanto, antes da Páscoa, saiba que, acima de tudo, Deus ama você e quer lhe dar vida abundante através do Senhor e Salvador Jesus Cristo. Porque, verdadeiramente, Jesus Cristo é a nossa Páscoa!
Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém