Artigo com data de 26/09/2020 – O Liberal
Certo milionário foi a um banquete e sentou-se perto de um grupo de pessoas, as quais conversavam sobre oração. Ele declarou: “Oração pode ser boa para vocês, mas eu não preciso orar. Trabalhei duro para obter tudo o que tenho. Não pedi nada para Deus!”
Um renomado professor replicou: “Existe uma coisa que o senhor não possui e poderia pedir a Deus”. “O que seria isto?” – perguntou o milionário. O professor respondeu: “O senhor poderia orar por humildade”.
Não é difícil identificar, numa conversa ou discurso, quando falta humildade a quem fala. Não obstante, a soberba prospera quando o conceito de humildade é, geralmente, visto por muitas pessoas como uma fraqueza, quando na verdade é uma das maiores virtudes.
Ora, que valor tem a humildade num mundo de soberbos? A Bíblia responde: “O prêmio da humildade e o temor do Senhor são riquezas, e honra, e vida” (Pv 22.4). E também: “A humildade precede a honra” (Pv 15.33).
Vem bem a calhar a fábula do sapo que morreu de soberba. O sapo estava pensando em como poderia fugir do clima frio do inverno. Alguns gansos selvagens sugeriram que ele migrasse com eles. Mas o sapo sabia que não podia voar. “Eu tenho um cérebro brilhante”, disse o sapo, “deixe comigo”. Depois de pensar um pouco, pediu que os dois gansos o ajudassem. O plano consistia em dois gansos segurarem um em cada ponta de um forte caniço, enquanto o sapo se segurava com a boca no meio do caniço.
E assim, a viagem começou. Quando passavam sobre uma pequena cidade, os moradores saíram para ver aquela cena estranha. Alguns gritaram: “Quem poderia bolar algo tão genial?” O sapo foi se inchando de orgulho, se achando importante. E, de tão inchado, não resistiu e exclamou: “Eu bolei tudo!”
Seu orgulho foi a sua própria ruína, pois no momento em que abriu a boca, se soltou do caniço e estatelou-se no chão, morto.
Moral da história: “A soberba precede a ruína, e a altivez de espírito, a queda”. “Seja outro o que te louve, e não a tua boca” (Pv 16.18; 27.2).
A singeleza dessa fábula serve para lembrar que a humildade, longe de ser uma fraqueza, é um artigo benéfico e extremamente necessário à vida. É coisa para gente forte, não para fracos, porque exige autocontrole, moderação, autoconhecimento, enfim, tudo que os fracos não têm. Desse modo, melhor é ser humilde e receber o justo reconhecimento dos outros, quando isso for oportuno, do que viver a tolice de vangloriar-se e assistir à própria queda.
Temos assistido constantemente a exemplos de soberba de líderes se vangloriando de seus feitos. O dono do navio Titanic afirmou soberbamente: “Nem Deus afundaria esse navio”. É atribuída a Tancredo Neves a seguinte afirmação: “Nem Deus me impedirá de assumir a Presidência”. Os resultados deram em morte, ao que todos sabemos.
“Nunca antes na história deste país” não foi somente a frase mais repetida de certo líder político, mas também se constituiu no emblema maior de seu ufanismo e soberba. Porém, sabemos no que deu a sua vida sem humildade.
É bom que nos lembremos de que o Senhor coroa a humildade com as suas bênçãos. Todos somos sujeitos a certa medida de orgulho, principalmente quando tudo vai bem e nos sentimos autossuficientes. Alguns, quando recebem uma bênção, podem achar que é porque merecem. Mas tudo isso é apenas orgulho tolo.
A pessoa humilde, ao contrário, reconhece isto: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes” (Tg 1.17). E também: “O homem não pode receber coisa alguma se do céu não lhe for dada” (Jo 3.27).
É bom lembrar o conselho do sábio Salomão: “Antes da ruína, gaba-se o coração do homem, e diante da honra vai a humildade” (Pv 18.12). E também atentar ao que disse Jesus: “Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus” (Mt 5.3).
Escolher entre a humildade e a soberba também é fácil; difícil é viver a escolha. Viva o humilde!
Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém
E-mail: samuelcamara@boasnovas.tv