Verdade, para que te quero?

Para que serve a Verdade? Se a Verdade é necessária para que os pilares de uma sociedade sejam firmes e não se rompam, para que a paz reine sob o manto da justiça, então, por que muitos daqueles que deveriam dar exemplo passam cinicamente ao seu largo e lhe fazem pouco caso?

Para que serve a Mentira? Se a Mentira tem o poder de solapar os fundamentos morais de uma nação inteira, então, por que vivemos com a certeza de que a nossa coexistência social teima em permitir os valores da Mentira? Por que vemos não poucas pessoas serem regidas descaradamente sob a égide da Mentira e acobertadas pelo seu manto, e isso parece não incomodar a maioria? Você já notou que a Mentira passa diante de nós como uma torrente interminável e, assim, vai destruindo os nossos valores éticos e morais?

Daniel Webster, em meados do Século XIX, predisse isso quando afirmou: “Se a Verdade não for difundida, a Mentira o será. Se Deus e Sua Palavra não forem conhecidos e recebidos, o Diabo e suas obras ganharão a ascendência; e então, a corrupção e as trevas reinarão”.

Em março de 1921, Rui Barbosa escreveu: “De tanto ver triunfar a nulidade; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantar-se o poder nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”. A honestidade só viceja no terreno fértil da Verdade, não no solo pantanoso da Mentira.

Há sobejas evidências de que a nossa sociedade está sofrendo uma rápida degeneração moral, e isso, ao fim e ao cabo, tem um preço por demais amargo. As nossas instituições públicas sofrem cada vez mais de descrédito. As nossas esperanças de um país melhor continuam sob o manto do medo de tudo dar errado. O nosso futuro, que nunca chega, parece estar escorregando ladeira abaixo nos rumos obscuros da nossa história.

O problema está principalmente nos três filhos da Mentira. O primeiro é o cético, aquele que duvida de tudo, é descrente. Ele crê que não se pode chegar a qualquer conhecimento indubitável nos domínios das Verdades de ordem geral ou absoluta. O segundo é o cínico, cujo comportamento pode ostentar princípios malignos e, a qualquer preço, praticar atos imorais e obscenidades sem limites. Ele é um indivíduo sem escrúpulos; é hipócrita, sarcástico e oportunista. O terceiro é o crédulo, aquele que crê facilmente, sem malícia; é ingênuo, não pesa as coisas, nem examina as ideias e tudo crê sem nenhum esforço.

Todavia, há também o filho da Verdade. A Verdade é uma pessoa, não um conceito. Jesus disse: “Eu sou a Verdade” (Jo 14.6). A Mentira também é uma pessoa. Jesus disse que o Diabo é “o pai da Mentira” (Jo 8.44).

O filho da Verdade é o indivíduo que teme a Deus, leva demasiado a sério as suas responsabilidades e nutre por elas um genuíno entusiasmo; vive e pode morrer pela causa que inspira a sua vida, lutando a qualquer preço por mudanças qualitativas e quantitativas. O filho da Verdade é o próprio sacrifício vivo imolado no altar do temor de Deus em benefício dos que o cercam. O filho da Mentira só teme ser descoberto e exposto.

É fácil ser cético e deixar tudo como está para ver como é que fica. É fácil ser cínico e fazer de conta que nada o afeta ou que pode tirar vantagem de alguma coisa. É igualmente fácil ser crédulo e ir passando pela vida e não viver. Difícil mesmo é ser filho da Verdade, quando sê-lo pressupõe não somente querer que as coisas mudem, mas defender a Verdade e contrapor-se à Mentira, fazendo tudo ao seu alcance em prol das mudanças de que precisamos.

Conta uma antiga parábola (aqui resumida) que a Mentira e a Verdade, em um dia de sol, saíram a caminhar no campo, e então resolveram banhar-se nas águas de um rio. Cada uma tirou a sua roupa e caíram na água. Mas, em certo momento, enquanto a Verdade mergulhava, a Mentira aproveitou-se da situação, saiu da água e vestiu-se com as roupas da Verdade e seguiu o seu caminho. Quando a Verdade saiu da água, negou-se a usar as vestes da Mentira; e saiu nua a seguir o seu caminho. As pessoas que as viam passar acolhiam a Mentira com as vestes da Verdade, mas proferiam impropérios e condenações contra a atitude despudorada da Verdade. Moral da história: as pessoas estão mais dispostas a aprovar a Mentira com as vestes da Verdade do que acolher a Verdade nua e crua.

Afinal, que tipo de pessoa é você? O que está fazendo para mudar a vida para melhor? A resposta você terá quando responder para si mesmo: Verdade, para que te quero?

CADB

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Convenção da assembleia de Deus no Brasil

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