A diferença que faz toda a diferença

De acordo com a ciência geneticista, o ser humano e os chimpanzés têm 99,4% de semelhança. A diferença essencial é muito pequena, de meros 0,6%. O geneticista americano Morris Goodman chegou a este resultado ao realizar uma análise comparativa das amostras de DNA, chegando a demonstrar que os chimpanzés estão geneticamente mais próximos do homem que de outros primatas. Isto acirrou o debate entre os defensores da Criação e os da Evolução, no recorrente embate entre fé e ciência, levantando um novo capítulo na luta sobre a verdadeira origem do ser humano.

De fato, há duas explanações básicas, mutuamente exclusivas, quanto ao surgimento do ser humano. De um lado, o Criacionismo, que apresenta Deus como o Criador, cuja base está na Bíblia. Do outro, a Teoria da Evolução, baseada na teoria darwiniana da origem das espécies, que sustenta ter sido um mero acidente o surgimento da vida na terra. Mas há algo em comum entre estas duas facções: é a extrema necessidade de fé para se acreditar nas possibilidades que ambas apresentam.

A afirmação de que o homem descende do macaco é essencialmente um dogma científico, jamais comprovado. Ora, por definição, um dogma é o ponto fundamental e indiscutível de qualquer doutrina ou sistema. A razão que faz da Teoria da Evolução um “dogma de fé” em nome da ciência é que não há, por certo, em parte alguma, qualquer evidência científica da mesma. 

Para se crer na Teoria da Evolução é necessário, portanto, acreditar cegamente na suposição de um “elo perdido”. Mas tudo isso é apenas um dogma de fé darwinista por especulação. Como os dogmas de fé são muito difíceis — se não impossíveis — de refutar com argumentos científicos, muitas pessoas seguem obstinadamente crendo em coisas não só desprovidas de fundamento científico sólido, mas, além disso, em franca contradição com o conhecimento científico acumulado até hoje.

A Bíblia afirma que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança (Gn 1.26). Ou seja, somos essencialmente dotados de características morais e espirituais “como Deus”. Ao contrário da Teoria da Evolução, na Palavra de Deus não existem “elos perdidos” nem tampouco desesperança. Há início, há um propósito, há um destino.

Porém, o “xis” da questão não é o grau de semelhança entre o homem e o chimpanzé, mas o percentual de diferenciação. O que interessa mesmo é descobrir sobre este 0,6% que faz tanta diferença no conjunto da obra. Pois nisso está a raiz que diferencia o ser humano dos outros animais. Além do mais, é essa diferença mínima que faz um ser humano ser o que é.

O certo é que, em função desse 0,6%, um ser humano pode pender para o bem ou para o mal; pode deslizar em ações de indizíveis baixezas ou realizar feitos de inenarrável grandeza; é capaz de proferir uma deslavada mentira ou de cultuar a Deus numa genuína adoração “em espírito e em verdade”. 

Essa pequena diferença fez o homem criar a roda, os meios de transporte, a comunicação oral e escrita; fez com que plantasse e colhesse, construísse casas e estradas; desenvolvesse ideias, regras, leis, arte, e controlasse o poder do átomo. Isso deu ao homem a capacidade de acumular conhecimento, produzindo livros, músicas, pinturas, indústrias e comércios, vacinas e remédios, roupas e móveis, computadores e satélites, naves espaciais etc.

Essa pequena diferença mostra a presença de Deus na vida humana, como Criador e Inspirador de todo o bem, pois é certo que “toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes” (Tg 1.17). São os dons concedidos, com essa diferença, que fizeram o surdo Beethoven escrever a Nona Sinfonia, levaram atletas a superarem seus limites, fizeram a ciência possível, nos deram poetas e cantores que encheram a vida de romantismo, e permitiram ao homem voar.

É essa diferença de 0,6% que dota o ser humano de uma característica única, segundo a Bíblia, de ter sido criado para se relacionar com Deus. Nós somos seres essencialmente adoradores. Esta é a marca indelével do Criador na humanidade, da qual não pode fugir ou omitir-se. 

Em seu tatear incessante para cumprir o papel para o qual foi criado, em sua busca de se relacionar com o Divino na esfera espiritual, na maioria das vezes o homem tenta preencher o vazio de não conhecer a Deus e produz para si deuses que não são, e fabrica ídolos que lhe satisfaçam essa necessidade inerente; ou então, simplesmente tenta negar a sua origem divina.

A Lei da Fonte (“tudo só vive enquanto ligado à sua fonte”) é, ao mesmo tempo, científica e espiritual. Se tirarmos a planta da terra, ela morre. Se o peixe for tirado da água, ele morre. Se o ser humano se afastar de Deus, ele morre eternamente. Assim, pois, é essencial e necessário ao homem manter um efetivo relacionamento com Deus. Se assim o fizermos, esse mínimo 0,6% que nos separa dos chimpanzés será a diferença que fará toda a diferença em nossa vida, aqui e na eternidade.

 

Samuel Câmara

Pastor Presidente da CADB

CADB

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Convenção da assembleia de Deus no Brasil

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