As aflições são um teste que serve para provar o tipo de pessoa que somos. Se existem inconsistências ou defeitos em nossa estrutura interior, eles certamente aparecerão sob a pressão das crises e dos problemas que enfrentamos. Alguém disse: “As aflições são para a alma como a chuva para uma casa. Não sabemos que existem buracos no telhado até que comecem as goteiras. Talvez não saibamos que existem falhas em nossa alma, até que chegue a aflição e vejamos incredulidade, impaciência e medo pingando em muitos lugares”. Esta sábia afirmação foi retirada de um livro devocional, publicado nos idos de 1696, de autor desconhecido.
Quando alguém passa por adversidades e tribulações, uma de suas primeiras reações é tentar achar um culpado. Ou culpa a si mesmo, quando acha que fez algo errado e que, portanto, está sendo punido; ou então culpa a Deus, ou alguém mais.
De outro modo, quando passamos por adversidades e alguém tenta lançar a culpa sobre nós, a situação só tende a piorar. Foi esse o caso do patriarca Jó. Visitado por seus amigos, quando passava pela grande tribulação por causa da morte dos filhos e filhas, perda dos rebanhos, acossado por doenças, ele teve de aguentar a ladainha dos próprios amigos de que estava sendo punido por causa dos seus pecados.
Porém, a visão de Deus sobre Jó era totalmente diferente. Deus disse: “Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal.” (Jó 2.3)
Os amigos de Jó tinham uma visão elevada de Deus e grande zelo por Seus padrões morais. Um deles, chamado Elifaz, observou corretamente que, quando fazemos o que é certo, estamos apenas fazendo o que Deus exige. Portanto, não devemos esperar nenhuma recompensa especial. (Jó 22.3)
O maior erro dos amigos de Jó, contudo, foi insistir erroneamente que os problemas de Jó eram resultado de seus próprios pecados. Nisso, eles são exatamente iguais a muitos “amigos” que encontramos pela vida.
Não devemos esquecer que um autoexame seja uma atitude saudável, mas não podemos ficar nos acusando por problemas e tribulações pelos quais passamos, quando não é o caso. O certo é que boa parte das adversidades que enfrentamos na vida é resultado de vivermos num mundo moralmente caído e imperfeito. Elas sempre nos acompanharão, independentemente de errarmos ou não. E se erramos, sim, temos de reconhecer e corrigir o que precisa ser corrigido.
O salmista, por exemplo, ao enfrentar uma tempestade de aflições, clamou a Deus: “Salva-me, ó Deus, pois as águas me sobem até a alma” (Sl 69.1). Depois ele reconhece que não precisaria temer, pois Deus é um Pai amoroso que, por fim, lhe socorrerá. Certamente Deus permitiu que as águas da tribulação viessem para purificá-lo e ajudá-lo a ver onde a sua vida precisava de reparos.
Cada um de nós deve se perguntar: Como eu me comporto em meio a uma tempestade de problemas? Fico aborrecido, irritado, incrédulo, com medo, ou simplesmente me rebelo e culpo a Deus pelos males que me afligem?
A maioria das dificuldades que enfrentamos tem a serventia de revelar as nossas necessidades espirituais. Mas há outra serventia: quando Deus usa as adversidades para nos preparar para ajudar outras pessoas. O apóstolo Paulo escreveu: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai de misericórdias e Deus de toda consolação! É ele que nos conforta em toda a nossa tribulação, para podermos consolar os que estiverem em qualquer angústia, com a consolação com que nós mesmos somos contemplados por Deus” (1Co 1.3-4).
De qualquer modo, se Deus permite que passemos por adversidades, Ele certamente quer que as enfrentemos e saiamos delas melhor do que quando entramos e, assim, possamos socorrer aos que passam pelos mesmos problemas.
E como fazer disto uma realidade? Comece por colocar tudo diante de Deus em oração. Saiba que, na perspectiva do reino de Deus, nada se resolve sem oração. Portanto, ore até obter uma resposta de Deus.
Volte-se para a leitura da Bíblia, medite em suas palavras, e elas iluminarão o seu caminho (Salmo 119.105). Siga então a orientação do Espírito de Deus e faça tudo o que Ele lhe disser, corrija tudo o que precisa corrigir, repare as goteiras do telhado, arrependa-se e peça a Deus perdão pelos pecados cometidos.
Em procedendo assim, receberá do Senhor o perdão e a graça para seguir de frente na força que Deus supre, habilitando-se a vencer as lutas da vida para a glória de Deus. Amém!