No século da informação, a maioria das pessoas, contraditoriamente, quase nada sabe sobre a origem da Páscoa e tampouco conhece seu significado. Por isso, é importante lembrar que a Páscoa, originalmente, foi instituída como uma festividade para celebrar a libertação do povo de Israel do Egito, no evento conhecido como Êxodo.
Antes da libertação, o Senhor ordenara ao seu povo que cada família tomasse um cordeiro de um ano e sem defeito, o sacrificasse e comesse assado, acompanhado de ervas amargosas e pão sem fermento. A obediência traria a proteção divina e favoreceria a sua saída do Egito.
A décima praga (a morte de todos os primogênitos) estava para acontecer. Por isso, eles tinham de passar o sangue do cordeiro nos umbrais e nas vergas das portas, pois quando o anjo da morte percorresse a terra, passaria por cima das casas que tivessem o sinal do sangue e pouparia os seus primogênitos.
É desse evento que advém o termo Páscoa, do hebraico pesah, que significa “passar por cima”, “pular além da marca”, ou “poupar”. E assim, os primogênitos de Israel foram poupados. Depois que o povo de Israel saiu do Egito, Deus ordenou que a Páscoa fosse celebrada continuamente como um memorial dessa libertação.
Os teólogos cristãos são unânimes quanto ao entendimento de que a Páscoa contém uma mensagem profética (ou “sombra das coisas futuras”) que apontava para um evento futuro, a Redenção efetuada por Cristo, como está escrito: “Cristo, nossa Páscoa, foi sacrificado por nós” (1Co 5.7). Toda a verdade da Páscoa está contida e explicada em sua divina pessoa. Desse modo, o cordeiro morto (com o seu sangue aspergido nas portas) tipificava o sacrifício de Cristo na cruz pelos nossos pecados. O cordeiro “sem defeito” prefigurava a pureza e impecabilidade de Cristo, que era “o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29).
As ervas amargosas prefiguravam a necessidade de contrição e arrependimento. Como o fermento simboliza a corrupção do pecado, o pão sem fermento indica a pureza que é requerida de quem serve a Deus. O sacrifício do cordeiro servia de substituto aos primogênitos e prenunciava a morte de Cristo em substituição à nossa. O comer a carne do cordeiro representava a identificação com a sua morte.
A Páscoa teve o seu cabal cumprimento em Cristo. Ele é a nossa Páscoa. Foi durante a Páscoa que o próprio Jesus instituiu a Santa Ceia como lembrança de Sua morte. Celebrada com pão e vinho, que tipificavam o Seu corpo ferido e o Seu sangue derramado na cruz para salvar os pecadores, serviria de lembrança permanente do Seu sacrifício vicário (1Co 11.23-26).
Na Páscoa, os judeus celebram o sentido físico de sua libertação da escravidão do Egito. Depois da morte e ressurreição de Jesus, floresceu o sentido de natureza espiritual da Páscoa, indicando a necessidade de libertação da escravidão do pecado, a salvação da morte eterna, assim como a certeza de chegarmos ao céu onde Cristo habita.
Alguns religiosos sinceros celebram a Páscoa com um misto de tristeza e compaixão pela morte de Cristo, como se Ele ainda estivesse no túmulo. Mas a Páscoa deve ser comemorada com alegria, pois aponta para a libertação que a ressurreição de Jesus nos propiciou. Cristo está vivo e ainda ressoam as Suas palavras: “Eu sou o primeiro e o último e aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos” (Ap 1.18).
É por isso que Jesus, o cordeiro de Deus, não pode ser trocado por coelhinhos. Porque Ele, e somente ele, é a nossa Páscoa!
Agora, uma pergunta precisa ser feita: uma vez que “Cristo é a nossa Páscoa”, como não lembrar com imensa gratidão por ter Ele morrido na cruz para nos salvar?